Animais de estimação sentem efeitos negativos da pandemia
A pandemia alterou a rotina da maioria da população mundial e provocou impactos negativos à saúde física e mental de muita gente, mas não foram só os humanos que sentiram os efeitos do isolamento social. Os animais de estimação também tiveram o dia a dia alterado no último ano e, agora, com novo ‘lockdown’ para barrar a transmissão do coronavírus podem sentir novo estresse e alterações no comportamento.
Além disso, poderão sofrer ainda mais quando tudo voltar ao “normal”. A recomendação do distanciamento social fez com que os tutores de pets ficassem mais tempo em casa, uma das mudanças mais significativas para a rotina dos animais. A coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de São José dos Campos, Janaína Duarte, afirma que há pontos positivos nessa convivência mais intensa entre tutores e seus bichinhos de estimação, já que há mais troca de carinho e de atenção entre eles.
“Os tutores estão mais próximos e mais atentos à saúde dos seus pets, o que faz, inclusive, aumentar o número de atendimentos nas clínicas veterinárias”, diz.
Ter a companhia do dono o dia todo pode parecer vantajoso, mas nem sempre é. “Um dos principais problemas enfrentados pelos pets, quando há mudança brusca na rotina, é a alteração de comportamento. Os cachorros, por exemplo, podem começar a lamber as patas excessivamente”, afirma Janaína.
Em um segundo momento, com a retomada das atividades e com a esperança de a vida voltar ao ‘normal’, surgirá um novo motivo de incômodo aos animais: os tutores vão voltar, ainda que aos poucos, à rotina anterior, provavelmente, os pets voltarão a ficar sozinhos em casa depois de terem se acostumado com a companhia do tutor ou demais membros da família.
“A ausência humana poderá desenvolver síndrome de ansiedade por separação e ocasionar, por exemplo, comportamentos destrutivos pelo pet ou latidos constantes, arranhar e morder móveis e objetivos, urinar e defecar fora do lugar de costume, entre outros”, diz a coordenadora do curso da Anhanguera, que também é médica veterinária.
“Esses comportamentos alterados podem ser inconvenientes tanto para tutores quanto para vizinhos, mas o próprio animal é o mais afetado e pode até desenvolver automutilação, mordendo a própria pata ou o rabo. Além disso, pode haver falta de apetite, perda ou ganho de peso excessivo, alterações dermatológicas e supressão da imunidade, que pode abrir portas para infecções e surgimento de doenças, tudo isso reflexo do estresse da separação”, explica.
Como amenizar os efeitos negativos da pandemia nos pets?
A coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Anhanguera explica que cães e gatos precisam se manter ativos física e psicologicamente para serem saudáveis. Por isso, antes de qualquer mudança radical na rotina dos pets, é importante promover atividades físicas, mentais e sociais para que eles se acostumem com novas situações e gastem energia para aliviar o tédio e o estresse.
“Se os animais vão passar muito tempo sozinhos é interessante investir em enriquecimento ambiental com objetos e estruturas que promovam desafios e atividades alimentares, sensoriais, físicas e mentais”, diz a veterinária.
Janaina diz que esses objetos podem ser brinquedos, petiscos, camas elevadas e obstáculos. Ela ressalta que é importante estimular a independência e reforçar positivamente bons comportamentos do animal, principalmente enquanto estiver junto. Outra dica é estimular os pets a ficarem sozinhos, com saídas rápidas e graduais. “Cansar o animal antes de sair ou aproveitar o momento em que estiver brincando com os elementos de enriquecimento ambiental para sair podem ser estratégias a serem adotadas”, sugere.