Grupo Dona da Rua lança disco ‘Samba-Revolução’, que valoriza as mulheres na música, com show em São José dos Campos

Grupo Dona da Rua lança disco ‘Samba-Revolução’, que valoriza as mulheres na música, com show em São José dos Campos

O público de São José dos Campos e região pode conferir no dia 11 de novembro, no Teatro Municipal, a força da produção musical de mulheres no show Samba-Revolução, em uma noite especial que marca o lançamento do disco de mesmo nome do grupo Dona da Rua.

Com recursos do ProAc (Programa de Ação Cultural) e apoio da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) e Prefeitura de São José dos Campos, o show – com entrada gratuita – faz parte da programação do Mês da Música e será gravado para exibição na plataforma online da Secretaria Estadual de Cultura.

Lívia Barros (voz), Helô Ferreira (violão 7 cordas) e Juliana Rodrigues (piano) mostram as dez canções do disco (oito delas inéditas), acompanhadas das percussionistas Simone Gonçalves, Mô Trindade e Monalisa Madalena, da baixista Bruna Duarte, e de Estela Paixão e Eloiza Paixão (coro). O show em São José – que conta com direção artística da premiada cantora, compositora, atriz e coreógrafa Renata Jambeiro – terá a ilustre presença das convidadas Manu da Cuíca e Marina Írís, além de participações especiais de Raquel Tobias, Bruna Prado e Maíra da Rosa.

No repertório, se destacam a canção “Pequena”, composta pelas integrantes do grupo, músicas de Lívia Barros (“Me deixa partir em paz”, “Deriva”, “Que venha em mim” e “Justiça”), parcerias de Lívia com Sara Fernandes (“Vai”) e Evandro dos Reis (“Janelas e Parapeitos”), além das faixas “Primeira estrela” (Manu da Cuíca e Marina Íris), “Filha da luta” (Guilherme Bandeira) e “Modo poesia” (Maíra da Rosa, Amanda Lima, Laís Oliveira e Daniel Perez).

“Como educadora e artista, observo que há uma restrição no acesso ao debate público sobre o papel das mulheres na arte, especialmente da arte protagonizada por mulheres negras. Essas discussões estão restritas a um universo intelectual e não alcançam o grande público, jovem ou não. Penso que quantos mais grupos de mulheres conseguirem divulgar suas lutas através da música, mais possibilidades do debate alcançar outros espaços”, afirma Lívia Barros.

Ela destacou o poder do samba como instrumento para reflexões sobre o país. “O samba, com sua infinidade de questões e possibilidades de enfrentamento, suas histórias, suas metáforas da vida, suas visões de mundo, seus autores e autoras, suas ironias e subversões deveria ser central para compreender um país que tem o machismo e o racismo como problemas, marcas, traumas de sua identidade. Por isso, gravar um disco de composições de samba que propõe essas reflexões significa sobreviver e valorizar nossas histórias de luta por uma vida mais justa”, avalia a multiartista.

 

Convidadas

Marina Íris é uma personalidade destacada do samba carioca, com quatro discos lançados. Ligada aos movimentos negro e feminista, seus discos e composições trazem esses temas em forma de canções. Tem parcerias com nomes como as escritoras Elisa Lucinda, Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo – que participaram com incursões poéticas em seu último álbum de estúdio, “Voz Bandeira” (2019) – e o cantor Péricles, com quem lançou o single “Virada” (parceria dela com Manu da Cuíca) em 2021.

Compositora de destaque no cenário carioca, Manu da Cuíca é autora dos sambas-enredo apresentados pela Mangueira no Carnaval do Rio de Janeiro nos últimos anos. Tem composições gravadas por artistas proeminentes da cena carioca, como Marina Íris, coletivo ÉPreta e Grupo Arruda. Entre suas composições mais conhecidas estão “História pra ninar gente grande” (vencedora do Carnaval 2019), “Pra matar preconceito” (parceria com Raul DiCaprio) e “A verdade vos fará livres” (samba-enredo apresentado pela Mangueira no Carnaval 2020).

 

Projetos

Helô, Juliana e Lívia são parceiras e desenvolvem, por meio do Dona da Rua e em iniciativas individuais e com outros coletivos, uma série de ações para difusão, estudo e debate sobre a presença das mulheres no campo da criação musical no Brasil.

Criado em 2018, o Dona da Rua fortalece a representatividade da mulher, trazendo um repertório que é um manifesto contemporâneo de mulheres no samba com temas ligados à luta histórica feminista e à diversidade rítmica e estilística brasileira marcada pela musicalidade diaspórica negra.

Desde então, tem presença marcante em eventos na região do Vale do Paraíba e Alto Tietê. O Samba das Mulheres, encontro de sambistas realizado na Associação Cultural Casarão da Mariquinha, em Mogi das Cruzes, foi o início de uma trajetória de engajamento que vem crescendo.

Virada Cultural de São Paulo, Festival Cancioneiras, Encontro Nacional Mulheres na Roda de Samba, Cena de Mulher, shows no circuito Sesc e na agenda da FCCR são alguns dos projetos desenvolvidos ou com participação das artistas.

 

O disco

O projeto Samba-Revolução foi premiado pelo ProAc no edital 18/2021, que consiste na gravação e licenciamento de um material audiovisual que será exibido na plataforma #culturaemcasa.

A Fundação Cultural Cassiano Ricardo também apoia a iniciativa, com o show que faz parte da programação Mês da Música, aberto ao público. O disco Samba-Revolução foi gravado com os recursos do edital da Lei Aldir Blanc de 2020 da cidade de Mogi das Cruzes.

O álbum foi gravado entre novembro de 2021 e junho de 2022 em três estúdios: as vozes, percussão, violão, coro e baixo no EMAM (Estúdio Municipal de Áudio e Música de Mogi das Cruzes); o piano, no Estúdio Henning (São Paulo); e a faixa “Primeira Estrela” teve vozes e cuíca gravadas no estúdio Méier (Rio de Janeiro). Maira da Rosa, Raquel Tobias e Bruna Prado também participam do disco.

O show Samba-Revolução vai circular pelo interior de São Paulo no final de 2022 e em 2023, em projeto também financiado pelo ProAc.

 

SERVIÇO

Show Samba-Revolução

Data: 11 de novembro

Horário: 20h

Local: Teatro Municipal de São José dos Campos (Rua Rubião Júnior, 84 – Centro (3º piso do Shopping Centro)

Ingressos: gratuitos, com reserva antecipada pelo site da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, um dia antes (https://www.eventbrite.com.br/o/fundacao-cultural-cassiano-ricardo-17194874429)

 

Sobre o grupo Dona da Rua

Lívia Barros é mestranda em Literatura pela USP e graduada em Letras pela mesma universidade. Sua pesquisa de mestrado está relacionada à literatura negra e educação. Além de cantora, é poeta, compositora, pesquisadora e professora. Estudou canto popular com Fabiana Cozza, Elizabeth Just, Ná Ozetti, Renata Rosa e Sandra Ximenez. É fundadora do grupo Carta na Manga, que já excursionou pela América Latina, e também do Samba das Mulheres de Mogi das Cruzes.

 

Helô Ferreira é mestre em educação pela UFSCAR, arte-educadora e, como violonista, atua em grupos de samba da cidade de São Paulo. É presença constante em rodas de samba da cidade de São Paulo, tendo sido diretora musical do show do 3º Encontro Nacional Mulheres na Roda de Samba pela Virada Cultural 2020.

Também em 2020, produziu e foi diretora musical do Festival Cancioneiras, em São José dos Campos, dedicado à obra de mulheres brasileiras compositoras de canções.

 

Juliana Rodrigues é pianista, compositora e diretora musical. Lançou, em 2021, seu segundo álbum em trio (“Vive”). Atua como pianista em grupos de estilos diversos na grande São Paulo e no interior. É bacharel em Jazz pela Newpark Music Centre (Irlanda) e tem passagem por festivais e palcos de destaque, como Jazz al Este (Paraguai), Savassi Jazz (Belo Horizonte), Sonamos Latinoamérica (México, Peru e Brasil), Instrumental Sesc Brasil e Sala São Paulo. Também lançou o álbum (“Mnemosine”, 2017) e tem participações em discos de artistas e estéticas variadas.

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