Palhaços e estruturas de bambu recriam a lenda do marinheiro Simbad, o Navegante. Peça está na mostra online de teatro de Jacareí

Palhaços e estruturas de bambu recriam a lenda do marinheiro Simbad, o Navegante. Peça está na mostra online de teatro de Jacareí

Tal qual a rainha Sherazade, que contou belíssimas histórias para o Rei Shariar durante mil e uma noites, dois palhaços contadores de histórias compartilham com o público as aventuras do marujo Simbad, aventureiro que desbravou os mares em busca de riquezas e desafios. A lenda, que já teve adaptações para o teatro e cinema (em formato de animação e live-action), ganhou uma premiadíssima adaptação do Circo Mínimo. Simbad, o Navegante, desembarca nas terras de Jacareí para sessão gratuita na mostra de teatro online da cidade no dia 22 de julho, quinta-feira, às 18 horas, com transmissão pelo canal de Youtube da Fundação Cultural de Jacarehy. Em cena, est&atild e;o o ator fundador do Circo Mínimo, Rodrigo Matheus (que também assina a dramaturgia da peça) e Ronaldo Aguiar, palhaço, bailarino e acrobata aéreo convidado. As exibições do espetáculo integram atividades do projeto “Circulação Circo Mínimo 33 anos”, contemplado pela Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc n. 49/202. Recomendado para maiores de 5 anos e de graça.

Simbad, o Navegante foi o espetáculo mais premiado de 2015 em São Paulo, recebendo os prêmios São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem (antigo Coca-Cola Femsa) de Melhor Espetáculo do Ano, Melhor Direção (Carla Candiotto), Melhor Ator (Ronaldo Aguiar) e Melhor Iluminação (Wagner Freire). Foi o Melhor Espetáculo do Ano segundo o jornal O Estado de São Paulo e segundo melhor espetáculo do ano, de acordo com o jornal Folha de São Paulo. Único espetáculo brasileiro selecionado para participar do IPAY – International Performing Arts for Youth, nos Estados Unidos.

Para adaptar a famosa história do marujo Simbad, foi utilizada a versão de Mamede Mustafa Jarouche, pesquisador, tradutor e professor universitário da USP, que fez a primeira tradução direta do clássico árabe As Mil e Uma Noites para o português. Em sua recriação, o Circo Mínimo manteve o arquétipo peculiar de Simbad. “Ele tem uma paixão pelo desconhecido e não consegue ficar quieto. Simbad está em um lugar e, quando o dinheiro acaba ou quando está entediado, já vai para outro”, conta Rodrigo.

Nos contos originais, Simbad é dividido por duas facetas que representam a dualidade do ser humano. Nesta adaptação, os dois personagens são palhaços contadores de histórias que pretendem encenar as aventuras vividas por ele. O personagem de Rodrigo Matheus é o tipo mais inteligente e astuto, sempre disposto a ludibriar a sua dupla. Ele quer interpretar Simbad o tempo inteiro e engana o parceiro para que este nunca tenha a oportunidade de assumir o papel. Assim, o palhaço feito por Ronaldo Aguiar fica com a representação das bestas, selvagens e da esposa do marujo, ainda que sempre sonhando em ser o herói, motivação que o move durante o espetáculo.

A diretora Carla Candiotto destaca a facilidade em trabalhar com dois artistas que disponibilizaram desde o início as habilidades circenses e cênicas de seus corpos à criação do espetáculo, que teve três meses de ensaios intensivos antes de ser concluído. “O trabalho principal foi equalizar os tipos de atuação dos dois. Rodrigo tem um perfil mais intenso e aventureiro, já o Ronaldo é mais estourado e histriônico. O que priorizamos é a relação forte que há entre eles. Por mais que o personagem do Rodrigo se sobreponha em alguns momentos ao do Ronaldo, centramos o tempo inteiro que um não existe sem o outro.”

Além da presença cênica dos atores, o cenário chama a atenção pelo uso dos bambus. Há uma estrutura piramidal com 4m de altura baseada nas criações de Marcelo Rio Branco, que desde 1999 preside o Sistema Integral Bambu, projeto que trabalha o seu uso desde as concepções corpóreas, como o trabalho de ergonomia e equilíbrio; as psíquicas, como a simbologia da planta; e sociais, como econômica, estética e plástica. “Conheci o trabalho do Marcelo por meio do grupo Nós no Bambu, de Brasília”, conta Rodrigo a respeito da inspiração para Simbad, o Navegante. A equipe brasiliense é caracterizada pela criação de espetáculos de danças acrobáticas sobre es culturas artesanais da planta.

A partir de uma residência de três dias que Rodrigo fez com Marcelo Rio Branco, o ator aprendeu a escolher, cortar, limpar, manusear e compreender como o bambu se comporta. Os conhecimentos adquiridos pelo artista são a base da encenação de Simbad, o Navegante. Sob a manipulação dos artistas, os bambus que repousam em uma carroça se tornam barcos, baleias, armas, pássaros gigantes e serpentes. O desafio cenográfico da diretora foi o de mesclar a sua linguagem autoral a um cenário já concebido. Segundo ela, a simplicidade do espetáculo proporciona uma liberdade de criação grande. “O legal é que o público cria a peça. Nós somos apenas provocadores da criatividade dele. As crianças vão enlouquecer com tudo que é mostrado no palco pelos artistas”, conclui.

 

Sobre a Cia Circo Mínimo

Companhia de espetáculos de circo/teatro, o Circo Mínimo foi fundado em 1988 por Rodrigo Matheus. É referência nacional no Circo Contemporâneo. Em seus 34 anos de trajetória foi contemplado por diversos prêmios e editais de apoio e fomento à produção artística, e tem se destacado na criação de obras que dialogam com a contemporaneidade, o ser humano e a cidade. Já se apresentou em diversos países, como Espanha, Inglaterra, País de Gales, Escócia, Alemanha, Colômbia, México e Argentina, e em quase todos os estados brasileiros. Dentre seus principais espetáculos estão: Prometeu, Deadly, História de Pescador, João e o Pé de Feijão, Jucazécaju, NuConcreto, Freud – Einstein Maio de 1933 e Simbad, o Navegante.

 

Ficha técnica

Direção: Carla Candiotto. Texto: Alexandre Roit, Carla Candiotto e Rodrigo Matheus. Elenco: Ronaldo Aguiar e Rodrigo Matheus. Cenografia: Marco Lima (espaço cênico) e Rodrigo Matheus (estruturas de bambus). Figurinos: Olintho Malaquias. Iluminação: Wagner Freire. Trilha Sonora: Aline Meyer. Coreografia: Ziza Brisola. Fotografia: Paulo Barbuto. Confecção da cenografia: Thiago Capella Zanotta. Consultoria de manejo dos bambus: Integral Bambu (Marcelo Rio Branco). Operação de luz: Gabriel Greghi. Operação de som: Thiago Capella Zanotta. Produção: Circo Mínimo (Marcela M arcucci). Duração: 60 minutos. Classificação Indicativa: A partir de 05 anos. Assessoria de Imprensa: Arteplural (M. Fernanda Teixeira).

 

Para roteiro
Simbad, o Navegante. Dia 22 de julho, quinta-feira, às 18 horas, com transmissão pelo canal de Youtube da Fundação Cultural de Jacarehy. Duração: 60 minutos. Recomendação etária: Acima de 5 anos. Classificação: livre. Grátis.

 

Para assistir – https://www.youtube.com/c/FundacaoCulturaldeJacarehy

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