Exposição Fotográfica Ancestralidades Contemporâneas em São Sebastião
Sob curadoria de Tchello d’ Barros, a fotógrafa Cacau Fernandes traz para São Sebastião 20 peças fotográficas das mais sublimes, com um olhar único para captar a essência do ser humano em suas diversas facetas. A exposição abriu na Estação Casa Amarela de Caçapava em novembro de 2018 e já esteve no Centro Cultural Light no Rio de Janeiro, no Espaço de Exposição da Cervejaria Bohemia em Petrópolis/RJ e agora chega ao Litoral Norte de São Paulo. Leia abaixo o texto de apresentação da exposição, pelo curador Tchello d’ Barros:
“Atualmente a idade-mídia desafia nossa capacidade de absorção de imagens de toda ordem, em especial, das diversas vertentes da fotografia. Em meio a esse excesso de cenas e personagens, nosso imaginário continua em busca principalmente da figura humana, com ênfase na exposição do corpo, pelos mais diversos meios, sejam físicos ou virtuais.
É nesse contexto que a fotógrafa Cacau Fernandes apresenta a exposição Ancestralidades Contemporâneas, nos ensaios lambe Sujo e Caboclinhos, Os “Cão” de Jacobina, Nêgo Fugido e Bloco da Lama. A série é um contraponto aos trabalhos cotidianos da fotojornalista urbana carioca. São olhares mais poéticos que documentais sobre grupos sociais que celebram seus corpos numa dimensão sagrada, ora profana, em danças e cortejos onde fé, rito e carnavalização se traduzem em exibições ocultadas ou reveladas sob camadas de substancias enegrecedoras, em personagens que aparecem festivas e libertárias.
Sendo a ocultação da identidade um comportamento observado historicamente em festas populares de diversas culturas, aqui aparecem em festividades que promovem uma alegoria visual, com a geografia corporal recoberta, seja de tinta, de óleo ou de lama, num corpo/página que se exibe e expressa, um corpo/tela que mostra e comunica, um corpo/objeto que informa em diálogo com diversas heranças culturais. Há desde novas versões do popular Saci Pererê, passando por uma carnavalizada versão das mitologias judaico-cristãs, incluindo ritos de autoflagelação em busca de transcendências religiosas, além de elementos simbólicos da negritude brasileira.
Para revelar-se reconfigurado no corpo social, o corpo individual é maquilado, maculado, sob camadas de substancias escuras, sob camadas de significações, e surge na via pública e festiva como corpo-festa, seja na adoção de tradições ancestrais, na emissão de recados políticos ou confissão gestual de desejos contemporâneos. As camadas de não-cor ao mesmo tempo escondem e revelam personas e narrativas, cujos rostos se traduzem em máscaras sociais que assombram pela via do sublime, divertem-se no êxtase e seduzem pelo encantamento.”
Cacau Fernandes ministrará uma palestra durante a abertura de sua exposição no dia 19 de julho na Casa Brasileira, das 15 às 17h, apresentando suas experiências de trabalho na área e explicando os festejos retratados em suas peças fotográficas para público de alunos secundaristas e público em geral, com exibição audiovisual. Em seguida, ocorrerá vernissage para convidados, com um breve discurso da fotógrafa. A exposição acontece até o dia 29 de setembro.
Serviço:
Exposição Ancestralidades Contemporâneas por Cacau Fernandes.
Local: Casa Brasileira – Av. Dr. Altino Arantes, 80 – Centro, São Sebastião, Litoral Norte – São Paulo.
Período de exibição: 19 de julho a 29 de setembro de 2019.